(Mt 5.5)
“Bem-Aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”.
Há bem pouca diferença entre “ser pobre em espírito” e ser “manso”. Não obstante, existe uma ligeira distinção, ou seja, que a primeira designação descreve o homem mais como é ele em si mesmo, ou seja, de coração quebrantado, enquanto a segunda o retrata mais especificamente em sua relação com Deus e com seu semelhante.
O que diz aqui sobre o indivíduo manso é um eco de Sl 37.11,22,29,34. Portanto, a fim de sabermos o que se quer dizer pela expressão “os mansos”, faremos bem derivando desse salmo o conteúdo desse conceito. Ele descreve a pessoa que não se ressente. Ela não guarda rancor. Longe de seguir ruminando as injúrias recebidas, ela encontra seu refúgio no Senhor e confia-lhe inteiramente o seu caminho. Tudo ela faz em virtude do fato de que já morreu para toda pretensão de ser justa em si mesma. Ela sabe que não pode reivindicar qualquer merecimento diante de Deus (cf. Sl 34.18;51.17). visto que o favor de Deus significa tudo para tal pessoa, ela aprendeu a suportar com alegria “o espólio de seus bens... sabendo que uma herança melhor e durável a aguarda”(Hb 10.34). Contudo, mansidão não é sinônimo de fraqueza. A mansidão não consiste em falta de firmeza de caráter, uma característica da pessoa que está pronta a curva-se ao sabor de toda brisa. Mansidão é submissão ante qualquer provação, a disposição de sofrer dano ao invés de causá-lo. A pessoa mansa deixa tudo nas mãos daquele que ama e que se importa.
A bem-aventurança dos mansos consiste em que “eles herdarão a terra”. Em certo sentido herdam-na desde já, e isso por varias razões: a. por não darem a devida atenção ao seu próprio enriquecimento, mas, antes, em cumprir sua tarefa na terra; em outras palavras, ao buscar em primeiro lugar acima de tudo o reino de Deus e a sua justiça, “todas essas coisas” ( comida, roupa, etc.) lhe são graciosamente concedida como um dom especial (Mt 6.33). b. Sua própria mansidão os faz uma benção para seus semelhantes, alguns dos quais os abençoarão (Mc 10.30; At 2.44,45; 16.15; Fp 4.18). c. Talvez possuam apenas uma pequena porção desta terra ou de bens terrenos, porém uma pequena porção com a benção de Deus repousando sobre ela é muito mais que as maiores riquezas sem a benção de Deus.
Exceto num sentido muito formal e legal, um homem cuja alma é atingida pelo medo do juízo vindouro possui realmente seus bens terrenos? Ele os possui no sentido de desfrutá-los? Certamente que não! Não é ele quem os possui, e,sim, são eles que o possuem a ele! Uma comparação de duas passagens do livro de Isaías revela quem são de fato os que herdarão a terra:
“Tu Senhor, conservarás em perfeita paz àquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti”(Is 26.3).
“Para os perversos, todavia, não há paz, diz o Senhor”(Is 48.22).
Não são os homens do mundo, e, sim, são os mansos os que sabem que Rm 8.28 é a plena verdade. Portanto, eles – e somente eles! – são os que possuem a terra.
Entretanto, o cumprimento mais pleno da promessa está reservado para o futuro, quando, na volta de Cristo em glória, os mansos herdarão o novo céu e a nova terra, o universo renovado, e no qual habitará a justiça para sempre (AP 21.1).
Herdar a terra indica o seguinte:
a. O cidadão do reino tem direito, pela graça, e esta possessão.
b. Ele certamente a receberá como tesouro inalienável;
c. Ele precisará – e nem mesmo pode – ganhá-la por merecimento próprio
Das profundezas de sua consciência de pobreza espiritual, de seu pranto pelo pecado e de sua mansidão, os cidadãos do reino clamam a Deus pela plena satisfação de sua necessidade espiritual básica, ou seja,a justiça.
"Mentes grandes discutem idéias; Mentes medianas discutem eventos e fatos; Mentes pequenas discutem pessoas." "Um homem pode fingir amar, ter fé, esperança e todos os outros méritos, mas é muito difícil fingir ser humilde. Logo se detecta a falsa humildade". D.L. Mood
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
TERÇEIRA BEM-AVENTURANÇA
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