sexta-feira, 31 de agosto de 2007

MENSAGEM SUBLIMINAR UM MERGULHO NO INCONSIENTE HUMANO

Este estudo foi base de uma pesquisa para uma palestra em nossa Igreja(Asembléia de Deus em Abreu e Lima; Congregação: Caetés II).


A fonte foi um congresso de ciências da comunicação em Salvador/BA em 2002, dos estudantes do 3º turno do Curso de Comunicação Social, Habilitação em Relações Públicas, da Universiade Estadual em Paulista e da Faculdade de Arquitetura, Artes e comunicação, Campus de Bauru.
Organizado pela INTERCON: Sociedade Brasileira de Estudos Interdiciplinares da Comunicação.



Vivemos numa sociedade em que as pessoas agarram-se à idéia de que
pensam por si mesmas e que podem discernir entre fantasia e realidade. Aqui
mostraremos que tudo não passa de uma grande ilusão...
O tema “mensagem subliminar” foi escolhido pela polêmica a respeito de sua
veracidade e por ser um assunto pouco explorado pelos estudiosos. O nosso intuito foi
trazer à tona como esta arte de persuasão do inconsciente está presente na indústria
cultural, que é movida pelo desejo humano simplista de vender, vender e vender...
Mesmo que para isso seja necessária a manipulação da mente humana. Este trabalho
enfatiza o abuso do poder da mídia, que atinge níveis de persuasão muito mais
profundos do que muitos imaginam.
De acordo com a ENCICLOPÉDIA DA LÍNGUA PORTUGUESA,
subliminar é um estímulo, não muito intenso, que não passa do limiar da
consciência. Pode-se dizer que é algo que, ao ser transmitido através de mensagens
em um baixo nível de percepção, tanto auditiva quanto visual, tem grande poder
de persuasão e manipulação. Aliás, esta é a melhor definição para mensagens
subliminares: “a arte da persuasão inconsciente”.2
1. Histórico
De acordo com a obra Subliminal Seduction, as primeiras referências de
percepção subliminar vêm de Demócrito (400 a.C.), o filósofo grego, que afirmava
que muito do que é perceptível, não é claramente percebido. Este conceito foi
aprofundado por Platão, em Timeu, e por Aristóteles, que o detalhou em sua teoria
dos umbrais da consciência na obra Perva Naturalia, há cerca dois mil anos.
Outros teóricos que estudaram a percepção subliminar foram Montaigne,
em 1580, e Leibniz, em 1698 - que afirmavam existir várias percepções
inadvertidas, mas que tinham conseqüências óbvias nas atitudes - e um dos
contemporâneos de Freud, o Dr. Poetzle, que formulou a Lei da Exclusão.
Com tal lei, Poetzle comprovou cientificamente a percepção subliminar,
demonstrando por estudos de caso e por experiências documentadas que as
informações dos sonhos são obtidas subliminarmente. Tudo o que é excluído da
percepção consciente é captado pelo subconsciente, compondo assim, os sonhos.
Segundo as pesquisas da equipe de Poetzle, os olhos fazem cerca de 100 mil
fixações por dia, porém grande parte delas não é fixada conscientemente, sendo
que o que não foi fixado conscientemente fica armazenado no inconsciente. Poetzle
provou que sugestões pós-hipnóticas têm o mesmo resultado prático dos estímulos
subliminares para alterar comportamentos.
Em junho de 1934, R. M. Collier, fez sua tese de doutorado sobre um estudo
experimental dos estímulos subliminares utilizando um taquicoscópio
(taquios=velozes) que é um projetor de flashes usado em uma tela de cinema ou
mesa de luz para projetar imagens e palavras a uma velocidade de 1/3000 de
segundo para causar a idéia de movimento.
A obra Propaganda Subliminar Multimídia cita como uma das primeiras
aplicações de mensagens subliminares, o famoso e já lendário experimento
vicarista (1956). Este experimento realizado por Jim Vicary, consistiu na
instalação de um taquicoscópio num cinema de Nova Jersey. Este foi instalado ao
lado de um projetor comum de cinema - o qual tem um ritmo de projeção de 24
fotogramas por segundo -, e projetava na tela, sobrepostas ao filme Picnic - no
Brasil Férias de Amor - a cada cinco segundos, as frases: DRINK COKE e EAT
POPCORN (Beba Coca-Cola e Coma Pipoca respectivamente). A repetição das
imagens era rápida demais para ser percebida conscientemente, mas o
subconsciente do público captou tais mensagens, o que acabou por influenciar nas
decisões do mesmo. A influência foi tamanha, que a venda de Coca-Cola e pipoca
aumentou na ordem de 57,7% e 18,10% respectivamente.
Segundo Flávio CALAZANS, a repercussão deste caso aconteceu de
diferentes formas: em 10 de junho de 1956, foi publicado no jornal Sunday Times,
de Londres, uma matéria sobre o experimento vicarista com o título “Sales
Through the Subconscious – Invisible Advertisement” (“Vendas através do
Subconsciente – Anúncio Invisível”).
Entretanto, nos Estados Unidos, a intenção da mídia foi de omitir o assunto.
Van Packard, professor de jornalismo em New Canaan (Connecticut) lançou uma
obra - The Hidden Persuaders, no Brasil, Nova Técnica de Conversar – comentando
o artigo publicado no jornal londrino, que causou polêmica. Packard publicou que
os anúncios projetados na tela eram de sorvetes, ao invés de Coca-Cola e pipoca.
Ele não se preocupou em colocar maiores dados e deu um tom sensacionalista e
emotivo ao texto.
Segundo CALAZANS, Zuleika Seabra Ferrari, em 1981, no texto Defesa do
consumidor, evidencia a contradição entre Packard e Brown. Enquanto o primeiro
fala de anúncio de sorvete, o segundo fala de anúncio de refrigerante e pipoca.
Zuleika ainda faz referência a uma notícia do jornal Folha de S. Paulo de 12
de fevereiro de 1974, que falava do primeiro emprego de propaganda subliminar
na televisão. O artigo comentava sobre a proibição, por parte da Comissão Federal
de Comunicação dos EUA, da veiculação do filme publicitário do jogo Kusker Du,
no qual a frase “Compre-o” aparecia quatro vezes, rapidamente, sobreposta à
imagem. O responsável pelo filme publicitário, Sam McLoud, da Telecast, se
defendeu com o argumento de que o governo americano não havia definido o que
seria subliminar, o que tornava a proibição sem base e critérios.
Pode-se dizer que, ao longo da história, as técnicas de utilização de
mensagens subliminares foram passando por estágios primitivos como a mídia
cinema, a mídia televisão e evoluindo até chegar a adaptações em fitas de
videocassete e programas de computador.
2. Particularidades e Características
Segundo Flávio CALAZANS, subliminares são as mensagens que são
enviadas dissimuladamente, ocultas, abaixo da percepção consciente, ou seja,
abaixo do limiar da consciência. Essas mensagens produzem efeitos na atividade
psíquica e mental e conseqüentemente influenciam nossas escolhas e atitudes
futuras.
As mensagens com estimulação subliminar são veiculadas nos mais diversos
canais de comunicação como cinema, televisão, outdoors, programas de
computadores, internet, teatro, músicas, histórias em quadrinhos, revistas, jornais,
RPG, fliperamas, vídeos games, embalagens, vitrines, etc.
Essas tecnologias midiáticas transmitem as mensagens subliminares através
do tempo de exposição, ritmo, sobreposição e distribuição cromática – espacial de
escala. Por exemplo, quando assiste-se a um filme ou programa de televisão, lê-se
uma revista, pela visão foca-se sempre o objeto principal, ou o que está em
movimento ou, a imagem em destaque. O restante, chamado de visão periférica,
não é captado pelo consciente e, sim a nível subliminar, isto é, as imagens são
remetidas automaticamente ao nosso cérebro, ao nosso inconsciente.
O objetivo maior das mensagens subliminares é manipular a mente das
pessoas. As inserções de imagens, palavras, ícones ou idéias não podem ser
percebidos pelo consumidor em um nível normal de consciência, portanto não lhe é
dada a opção de aceitar ou rejeitar a mensagem, como acontece com a propaganda
sem estímulos subliminares. Logo, a propaganda subliminar fere as normas do
bom senso e do livre arbítrio, pois não nos dá uma opção de escolha, seja de um
produto, uma filosofia ou ideal político.
Mesmo assim, é possível identificarmos as mensagens subliminares. Em
primeiro lugar é necessário ter tempo e estar com a visão relaxada para que os pequenos
detalhes – as mensagem escondidas – sejam ressaltados.
Um artifício para identificar as mensagens vinculadas na TV e nos games, é
gravar o programa ou jogo em vídeo e em seguida pausar as imagens, fazendo uma
varredura, em tudo aquilo que geralmente as pessoas não prestam atenção, como: os
muros, as placas das ruas, dos carros, as mensagens pichadas nas paredes, as
simbologias ocultistas, nazistas, ideológicas etc.
Uma questão interessantes sobre as mensagens subliminares é o seu aspecto
jurídico. A legislação vigente no Brasil - ao contrário de países como Estados Unidos,
Itália e Japão -, não aborda a utilização de mensagens subliminares, portanto não
existem meios concretos de punir os que se utilizam destas mensagens com fins
comerciais, políticos ou ideológicos.
3. Percepção
A descoberta da percepção, apesar de ter sido vista como ameaçadora e violenta,
foi reconhecida e vários teóricos começaram a estuda-la apesar das grandes dificuldades
que abrangem os estudos sobre o pensamento humano. As provas de como o cérebro
recebe, armazena, recupera e comunica-se são incompletas, hipotéticas e inconclusivas.
Existe infinitamente um número muito maior de questões do que respostas sobre o
cérebro e o seu funcionamento.
Segundo a obra A Era da Manipulação, percepção é a transmissão de
informações dos sentidos para o cérebro. Estas informaçõoes são captadas por nossa
mente, mas apenas uma pequena parte fica armazenada na consciência.
Isto acontece porque existem muitas partículas perceptivas a nossa volta. E é
inconcebível que algum indivíduo possa concentrar-se conscientemente sobre todas as
partículas ao mesmo tempo. A percepção consciente é, portanto, sempre fragmentária.
Enquanto uma pessoa está lendo um livro, a atenção dela estará voltada para as
páginas do livro, mas há muito mais coisas que estão sendo registradas no cérebro
como: o clima, os sons, a temperatura, as sensações etc. Estes dados são todos
processados e enviados ao cérebro, conscientemente nós só percebemos a página
impressa, inconscientemente todos os dados são processados, sendo que alguns são
armazenados na memória.
A linha entre a informação consciente e o que ficou registrado
inconscientemtente foi denominado de limiar perceptivo. Vários autores têm chegado a
conclusão de que apenas 1/1000 da percepção total registrada na mente, vai para
consciência. Mas esta porcentagem varia de indivíduo para indivíduo de acordo com
fatores como: condicionamentos culturais, tensão fisiológica e estímulos entre outros.
As percepções periféricas inconscientes geralmente podem ser trazidas para o
nível consciente por meio de técnicas como a hipnóse e a narcosíntese. Sob hipnóse o
sujeito pode lembrar de fatos pequenos que conscientemente seria praticamente
impossível, como número de placas de carros e conversas ouvidas durante cirurgia sob
anestesia.
4. Estudos Sobre a Percepção
De acordo com a psicologia, mais especificamente da área da Gestalt (que
estuda o comportamento), o conceito do mais primitivo processo de percepção de
mensagens visuais é o de figura e fundo, que consiste na focalização por um órgão
sensório de uma figura e seu conseqüente destaque, deixando o resto da imagem como
fundo.
Como exemplo disso, tem-se a situação de quando se está assistindo a algum
filme na televisão e alguém liga o rádio para ouvir música, ou se está ouvindo música e
o som da televisão fica de fundo. Na primeira situação, o subliminar seria a música que
está tocando no rádio, enquanto na segunda situação, o que se torna subliminar é o som
da televisão, portanto a percepção é seletiva de acordo com o interesse focado.
Relacionando essas teorias com o modo de recepção de mensagens, tem-se que,
devido ao grande número de informações que recebemos diariamente, nossa atenção
seletiva filtra e focaliza um único canal sensório, de forma que o resto é transformado
em subliminar.
Seguindo a psicologia analítica de Carl Gustav Jung, a consciência pode ser
comparada a um holofote, o qual pode ser mirado para a posição de preferência, o que
deixaria na escuridão tudo que não fosse focado. Entretanto, o que não foi “iluminado”
não deixa de existir. Apenas está adormecido subliminarmente, o que não impede que a
qualquer momento apareça. Isso corresponde às mensagens subliminares.
Segundo Flávio CALAZANS, Jung dividiu a psique humana em três níveis, que
são:
• A consciência;
• O inconsciente pessoal: constituído de informações que perderam
intensidade ou foram esquecidas - inclusive as esquecidas por repressão-,
e as que não chegaram ao consciente (subliminar e que não estão
amadurecidas);
• O inconsciente coletivo: informações que todos os seres humanos já não
se lembram.
O subliminar está relacionado com o inconsciente pessoal, assim como as
informações que não estão amadurecidas para chegar ao consciente.
O teórico Peirce explica melhor esse fato. Segundo ele – com bases teóricas de
David Hume -, são admitidos dois tipos de pensamento: por contigüidade e por
similaridade, gerando dois eixos. O primeiro eixo, o sintagmático, é formado pela
contigüidade, por conceitos, símbolos, verbal, lógico e hierárquico. O segundo eixo, o
paradigmático, é formado pela similaridade, por modelo, ícone, não-verbal, analógico e
anárquico.
“O eixo paradigmático é a região icônica do pensamento inconsciente, o
subliminar icônico. A decodificação de uma imagem é global e instantânea.” 3. Com o
3Flávio CALAZANS. Propaganda Subliminar MultimídiaI,
taquicoscópio ficou provado que há uma reação do cérebro à apresentação de imagens
no tempo de 1/3000 de segundo, sendo que a velocidade que a informação chega ao
cérebro é de 100 m/s.
A obra Propaganda Subliminar Multimídia, relata que Décio Pignatari, em A
ilusão da contigüidade, também explica que a linguagem do inconsciente é icônica, préverbal,
concreta e figurativa. Enfim, comprova-se através de teorias que o subliminar
age na parte menos lógica do cérebro humano.
Depois disso, pesquisadores de marketing e do comportamento do consumidor
começaram a contratar psiquiatras, a realizar eletroencefalogramas e a utilizar
equipamentos sofisticados de mapeamento cerebral do público-alvo. Estes
pesquisadores chegaram à conclusão de que, como o hemisfério esquerdo do cérebro
avalia e critica através do raciocínio lógico, comparando detalhes e detendo a decisão de
compra de bens de alto envolvimento e de comparação - o que envolve carros e
computadores - a propaganda destes produtos deveria ser veiculada na mídia impressa,
com redação em forma de silogismo lógico, mostrando os benefícios prometidos e o
porquê de comprar o produto.
E como o hemisfério direito é visual, analógico, holístico, decide de forma
impulsiva e emocional a aquisição de bens de baixo envolvimento (doces e
refrigerantes), o anúncio de tais produtos deve ser veiculado na mídia eletrônica, tendo
uma criação da imagem da marca na propaganda.
Mas como essas mensagens são captadas? O olho faz mais de cem mil captações de
imagens por dia. Porém, nem todas as mensagens serão captadas conscientemente.
Quando se tem uma imagem e se focaliza uma figura desta imagem, essa focalização é
de responsabilidade da fóvea. A fóvea é composta pelas células cone, que são
fotorreceptores e enxergam as cores. Ou seja, a visão fóvica é a visão consciente, já que
você, por algum motivo, quis focalizar aquela figura. Todo o resto da imagem que não
foi focalizada é captado pelas células bastonete, que se encontram na parte mais
periférica do olho, que também são fotorreceptores, porém só enxergam em branco e
preto. A mensagem subliminar é captada por estas células.
Normalmente, quando se coloca uma mensagem subliminar no campo visual
esquerdo de uma pessoa, tem-se um resultado melhor se o objetivo de tal mensagem é
estimular a parte mais emocional do cérebro. Isso acontece porque o nervo óptico é
cruzado no cérebro, então todas as imagens localizadas no campo visual esquerdo serão
processadas no hemisfério direito, fazendo com que a pessoa que receber tais
mensagens seja movida por impulsos.
Enfim, a propaganda procura, através da configuração da página e de mensagens
subliminares, estimular áreas exatas no cérebro, de modo que este estímulo seja decisivo
nas escolhas das pessoas.
5. Estratégias Subliminares
As estratégias subliminares são técnicas utilizadas para a construção de imagens
e sons que garantam a persuasão do inconsciente. Segundo Wilson B. KEY, elas
encontram-se divididas em seis categorias que podem estar associadas, produzindo
efeitos ainda mais eficientes. Estas estratégias basicamente, utilizam-se de dois
sentidos: visão e audição.
As seis categorias conhecidas são: inversão de figura / fundo; método de embutir
imagens; duplo sentido; projeção taquicoscópica; luz de baixa intensidade; luz e som de
fundo. A seguir explicaremos cada uma destas técnicas:
a) inversão de figura / fundo:
As percepções visuais e auditivas podem ser divididas em figura e fundo.
Inconscientemente os homens distinguem a figura do fundo, e focalizam somente a
figura, enquanto o subconsciente assimila e guarda o fundo na memória.
Algumas pessoas possuem visão sincrética, que é a capacidade de distinguir o
fundo da figura e vê-los conscientemente. Para essas pessoas é facílimo perceber
imagens escondidas no fundo, independente do objeto focalizado.
Um bom exemplo de inversão de figura e fundo é a gravura das quatro plantas
(verificar no item 6.Exemplos, pag. 15). À primeira vista vemos umas plantinhas e uma
abelha. Porém, se nos concentrarmos no fundo da figura veremos que entre a primeira e
a segunda planta forma-se a letra “S”, entre a segunda e a terceira forma-se a letra “E”,
e finalmente, entre a terceira e a quarta plantinha forma-se a letra “X”. Se vistas juntas,
simultaneamente, obteremos a palavra SEX (sexo).
As inversões de figura e fundo são boas estratégias para a propaganda, pois
quando vemos um anúncio, ao mesmo tempo nosso inconsciente pode estar recebendo
informações subliminares estimulando-nos a consumir o produto anunciado. Se
víssemos conscientemente a frase “compre-me”, por estar tão explícito, nós
pensaríamos mais antes de adquirir o produto oferecido. Porém, quando absorvemos a
mensagem inconscientemente, o nosso lado “racional” não é estimulado, então não
podemos nos opor a essas informações recebidas.
As relações figura / fundo também aparecem no som. Algumas técnicas de
orquestração desenvolvidas pelos compositores podem ser consideradas subliminares.
Quando uma orquestra executa um acorde cada instrumento toca uma parte deste
acorde, mas as notas não são percebidas separadamente pelo consciente.
Conscientemente ouvimos apenas o acorde, não conseguimos distinguir qual a nota que
cada instrumento toca.
Num coro de quatro vozes, quando cantadas simultaneamente, percebemos
apenas uma linha melódica ou harmônica. A maioria dos músicos normalmente tem a
capacidade de perceber conscientemente duas vozes, alguns indivíduos conseguem
ouvir três, e raríssimas pessoas podem perceber as quatro, separadamente e
simultaneamente (vertical e horizontalmente).
O jovem Mozart ouviu certa vez uma composição polifônica executada pelo
coral da Capela Sistina do Vaticano. A complexa partitura era um segredo guardado
pela Igreja por várias décadas. Depois de ouvi-la uma só vez, Mozart transcreveu a
composição de memória. Ele era capaz de perceber cada uma das quatro vozes separada
e coletivamente.
Essa sensibilidade perceptiva, que faz com que algumas pessoas notem cada voz
independentemente, está em cada um de nós, mas só pode ser desenvolvida até certo
ponto. Geralmente as pessoas criativas, músicos, poetas, pintores, escultores ou
escritores conseguem preservá-la, porém as demais pessoas perdem essa percepção por
não praticá-la.
Experiências feitas revelam que a relação figura / fundo é facilmente perceptível
durante um transe hipnótico, e que a maioria das pessoas parece ter um potencial latente
e inconsciente para a visão sincrética.
b) método de embutir imagens:
Os anúncios feitos com adição de imagens sobrepostas são caríssimos, pois são
muito trabalhosos e devem ser feitos de modo que as imagens não fiquem explícitas.
Eles aparecem como se um artista tivesse escondido engenhosamente figuras obscenas
ou consideradas tabus dentro de um anúncio.
Essas propagandas são feitas para serem vistas rapidamente, e não para serem
estudadas pelos leitores. Quando vemos uma imagem cheia de enxertos, na maioria das
vezes não os percebemos conscientemente, pois eles estão muito bem escondidos.
Porém nosso inconsciente capta essas imagens, e por mais rápido que viremos a folha,
elas já ficaram gravadas na memória.
As imagens com enxertos são construídas colocando cuidadosamente desenhos,
pinturas ou fotos dentro de outra imagem, de modo que quando vemos essa imagem não
percebemos conscientemente esses enxertos. São pintadas várias coisas, geralmente
remetendo a assuntos tabus, como sexo, homossexualidade etc.
No anúncio do gim Tanqueray (verificar no item 6.Exemplos, pag.12) foi gasto
mais de três milhões de dólares com a introdução de imagens. O gim derramado, na
verdade faz parte da montagem da foto. Se no lugar do gim sendo despejado do alto,
imaginarmos o jato do líquido fluindo para cima, veremos um formidável e ereto órgão
genital masculino.
Os enxertos de órgãos genitais parecem dar melhor resultado quando despertam,
inconscientemente, poderosas associações tabus. O que reforça este resultado é a
apelação para o homossexualismo latente, a culpa e o medo de violar um tabu. É por
isso que normalmente as propagandas dirigidas aos homens possuem órgãos genitais
masculinos, e as dirigidas às mulheres possuem órgãos genitais femininos.
c) duplo sentido:
O duplo sentido é uma técnica subliminar muito utilizada por ser dificilmente detectado.
Em algumas propagandas os publicitários escrevem uma frase, que associada ao
desenho, pode possuir diversos sentidos e interpretações.
Nas músicas também está presente o duplo sentido. Um exemplo disso é o vídeo-clipe
de Michael Jackson, da música Beat it. O cenário é simples: um grupo de rapazes entra
numa ampla sala e de repente começam a se agredir. Michael chega, intercede, e depois,
todos juntos, começam a cantar e dançar ritmadamente, com ele liderando o coro com
sua voz efeminada. Quando o vídeo é visto em câmera lenta, percebe-se que cada vez
que cantam Beat it os bailarinos cruzam a mão direita na frente da área genital, e o
movimento de masturbação é realizado em perfeito acorde. Tal gesto pode ser
interpretado como um simples ato “inocente” da coreografia ou como estimulo a
masturbação.
d) projeção taquicoscópica:
O taquicoscópio foi projetado pelo dr. Hal Becker, e patenteado em 1962. Esse
instrumento é um projetor de flashes usado em uma tela de cinema ou mesa de luz para
exibir imagens e palavras em alta velocidade. A velocidade é tão alta (1 segundo /
3000), que o que for projetado só é percebido pelo nosso inconsciente.
Projeções mais lentas, de 1/10 a 1/150 de segundo são identificadas pela
consciência e são utilizados em cursos de línguas estrangeiras, para promover o
aumento do vocabulário do aluno. Elas também foram utilizadas durante a Segunda
Guerra Mundial, para a identificação de aviões, barcos, tanques e armas.
Porém, as formas perigosas de utilização das projeções taquicoscópicas são
aquelas em que a velocidade é muito alta. Portanto, as informações são transmitidas ao
inconsciente das pessoas, sem que elas saibam, e sem que possam rejeitar as imagens,
cenas ou palavras que passam diante de seus olhos.
A mente humana tem uma capacidade incrível de armazenar tudo o que vê,
mesmo que inconscientemente, e depois trazer essas informações à consciência, sendo
que isso pode influir em atos e decisões que tomamos.
e) luz de baixa intensidade e som de baixo volume:
Essa técnica da luz é utilizada para sombrear partes de uma figura, de modo que
ela passe a apresentar palavras ou frases escondidas. Com um pouco de treino para a
investigação perceptiva relaxada, qualquer pessoa pode perceber conscientemente
dúzias de palavras SEX enxertadas em algumas ilustrações.
A técnica do som em baixo volume é utilizada em algumas lojas para evitar
roubos. Ao mesmo tempo em que tocam músicas, mensagens são emitidas em baixo
volume, com frases dizendo: “Não roubo”, “Eu sou honesto”, “Não sou ladrão”. Essas
frases são percebidas inconscientemente, e influenciam o comportamento das pessoas,
que acabam não furtando nenhum objeto ou mercadoria.
Hal Becker, patenteador do taquicoscópio de alta velocidade, também fabrica e
vende processadores que inserem mensagens subliminares em trilhas sonoras. Ele
explica que os sinais audíveis e subliminares são mixados, e que o estímulo subliminar
aproxima-se tanto das mudanças de volume na música audível que seria impossível
provar que a mensagem contém informação subliminar.
Assim, uma forma de utilização da técnica sonora poderia ser a de manipular,
embora ninguém declare que o faz, e seja muito difícil provar a existência de
subliminares nas músicas e sons. Mas esta manipulação pode ser utilizada para
diferentes fins, pois ao mesmo tempo que as lojas podem utilizar frases que evitem atos
criminosos, também podem utilizar mensagens para instigar as pessoas a consumirem
seus produtos.
f) luz e som de fundo:
A luz e o som de fundo são amplamente utilizados nas produções de filmes. Se
bem elaborados e aplicados, criam efeitos de emoção em quem assiste as cenas. Um
som de rua, por exemplo, para ser aplicado num filme deve ser todo montado. São
usadas gravações de barulhos de carros, crianças, pássaros, apitos, sirenes, todas
mixadas. O resultado final é uma ilusão precisa da realidade. Se for bem construída, esta
ilusão é mais satisfatória emocionalmente do que o seria a realidade de fato, mas ela
permanece subliminar.
Numa cena as músicas são acrescentadas para dar um fundo dramático, criar
suspense ou expectativa. Os silêncios também fazem parte do som inserido. Sons e
silêncios são alternados, de modo a criar efeitos diferentes nos expectadores. Às vezes, a
cena nem é tão forte, mas devido à música triste, melancólica, desperta lágrimas nos
espectadores.
Em alguns anúncios feitos em preto-e-branco para os aparelhos de ginástica
Soloflex foram utilizadas técnicas subliminares. Percebeu-se que dentro da comunidade
homossexual masculina de Nova Iorque os anúncios transformados em posters,
tornaram-se verdadeiros ícones. Quando os cartazes foram estudados, percebeu-se a
inserção de sombras que ocultavam genitais masculinos.
Num dos anúncios, um homem jovem está tirando sua camiseta. Metade da sua
face foi encoberta por sombras, dando-lhe um ar de mistério. Uma sombra logo à
esquerda do umbigo do rapaz surge na direção do cós de sua calça, na forma de um
grande e ereto órgão genital masculino. Ou seja, o anúncio subliminarmente propaga
que quem utiliza os aparelhos Soloflex têm ereção, e isso teve forte influência nas
mentes dos homossexuais, e também explica o fato deles terem mantido os posters
consigo.
6. Exemplos
Depois de todo o conteúdo que foi pesquisado e analisado mostrou-se
necessário, para melhor entendimento do trabalho, a demonstração de mensagens
subliminares presentes em diversos campos, como música, vídeo e propagandas
impressas. Para isso, exporemos aqui alguns exemplos de subliminares nestas
áreas, encontrados no livro A Era da Manipulação, de Wilson Bryan KEY, e no site
http://www.mensagemsubliminar.com.br.
Para ilustrar um caso de mensagem subliminar presente em anúncio
impresso citaremos, primeiramente, a propaganda do gim Tanqueray.
Neste anúncio nota-se que o texto foi, propositalmente, editado de uma
forma que ficasse cansativo e pouco atrativo, deixando, assim, todas a atenção do
leitor voltada para a foto. O referido texto trata-se de uma explicação sobre um
concurso realizado pela marca do gim, cujo prêmio é uma esmeralda – o que
explica a foto da mesma na propaganda.
Na ilustração aparece o gim sendo despejado dentro do copo, passando
antes pela esmeralda. No jato de gim entre a letra “p” de pour e a esmeralda é que
devem se concentrar nossa atenção, pois nele pode-se notar nitidamente,
enxertado, um grande e ereto órgão genital masculino. Este enxerto tem a
Anúncio do gim Tanqueray
finalidade de insinuar que, consumindo aquela bebida, os homens terão um ótimo
desempenho sexual, o que não é verdade, já que é sabido que a bebida apenas
prejudica esse desempenho.
Um dos casos que também chama muito a atenção é a ocorrência de
mensagens subliminares em filmes, principalmente nos infantis, através de técnicas
avançadas perceptíveis apenas em câmera lenta.
Dentre todos os filmes infantis, O Rei Leão é considerado como a produção
mais carregada de mensagens subliminares já feita pela Disney. A Revista TIME o
classificou como o vídeo mais sujo, perverso, que mais faz apologia ao satanismo e
à violência, ressaltando que as crianças que o assistem hoje serão os assassinos de
amanhã.
Há ainda várias outras mensagens embutidas no filme, que dizem respeito
ao homossexualismo - representado pelo vilão rebolativo Scar, criado por John
Smith, homossexual que faleceu vítima de Aids -, à astrologia - quando o babuíno
feiticeiro Rafiki diz para o pequeno Simba que “as estrelas vão guiá-lo” - e à
violência - quando o mesmo feiticeiro diz que Simba não devia se sentir mal por ter
matado alguém. Inclusive, uma criança de 11 anos nos EUA em 1996, assistiu o Rei
Leão 12 vezes e depois esquartejou a própria mãe. O irmão mais velho relatou que
enquanto o irmão matava a mãe com uma machadinha, ouvia-o falando: - "O
vídeo do Rei Leão disse: Eu posso matar você".
Mas uma dos estímulos subliminares encontrados que mais chama a
atenção pela forma como foi empregado, é o que se refere à sexualidade. Nota-se
em duas cenas diferentes, quando algumas partículas movem-se no ar, a formação
da palavra "SEX". Estas imagens têm a duração de, aproximadamente, um
centésimo de segundo e só é possível vê-las quando são congeladas em vídeo.
Ampliação do enxerto subliminar
presente no anúncio do gim
Os subliminares também podem ser encontrados em qualquer mídia que
envolva, ou possua, recursos sonoros. Podemos afirmar que determinadas
vibrações na música são usadas de maneira subliminar, visto que o ouvido humano
tem um limite para a captação de sons conscientemente. As vibrações abaixo e
acima destes limites são captadas inconscientemente, provocando em algumas
pessoas dores de cabeça, sensações de mal-estar, medo, angústia, excitação ou até
mesmo, uma calma aparente.
Os sons subliminares são muito usados no cinema para se conseguir um
estado alterado de consciência ou para atingir um efeito desejado em
determinadas cenas, semelhantes às sugestões pós-hipnótica. Também podem estar
presentes nas músicas, provocando sérias reações nas pessoas que as ouvem.
Como exemplo, podemos citar o caso de John McCollum , de 19 anos, que
em 1984 se matou com um tiro na cabeça enquanto ouvia Suicide Solution (A
solução Suicida), de Ozzy Osbourne. Ele ainda estava com fones de ouvido quando
o corpo foi encontrado.
Outro caso que chamou a atenção foi o de cinco meninos ingleses, de 10
anos, que cortaram os pulsos depois de assistirem ao clipe do cantor de rap
americano Eminem. A polícia de Londres descobriu que os garotos tinham visto o
vídeo Stan, que mostra um suposto fã do cantor cometendo suicídio. Uma das
partes da música (uma parceria entre o rapper e a cantora britânica Dido), diz:
Mensagem Subliminar encontrada no filme "O Rei Leão", na cena em que o
personagem cai sobre as flores e levanta uma nuvem de poeira. É percebível a
palavra "sex" (sexo em português).
"Estou deprimido. Às vezes me corto para ver o quanto sangro". Nenhum dos
meninos ficou ferido com gravidade.
Em uma música de George Harrison, "My sweet lord", tem-se a impressão
de que ele está falando de Jesus, porém, numa analise mais profunda, percebe-se
que o coral repete ao fundo, "hare krishna" (saudação a um Deus hindu). E na
música "The good, the bad and the ugly", de Enio Morricone, somos projetados
inconscientemente a um cenário selvagem, típico de faroeste, devido ao ritmo e
percussão da música. Em vários trechos da música notamos a presença de sons que
lembram animais e principalmente cavalos galopando.
Para citar um exemplo de mensagem subliminar presente em uma mídia
alternativa, mostraremos aqui um anúncio exibido pela marca Subliminal Sex em
camisetas. Na imagem aparecem quatro plantas. As duas da esquerda estão mais
próximas uma da outra (inclusive a planta da esquerda envolve a segunda com um
graveto), o que pode ser entendido como um abraço entre duas pessoas. A terceira
planta está sozinha, isolada, e tenta se aproximar da última planta, que perdeu sua
flor. É como a história do “papai que plantou uma sementinha na mamãe”.
Apesar de todo esse contexto que relaciona a imagem das flores à
intimidade entre pessoas, o que se destaca nesta propaganda é outra questão, que
diz respeito ao fundo da gravura. Toda a pintura das flores tem a finalidade de
atrair a atenção das pessoas, e desviar o olhar das mesmas do fundo, que é onde se
encontra a mensagem subliminar. Entre as plantas, e formada pelas mesmas, está
escrito a palavra SEX (sexo). Este é um caso de aplicação da técnica de inversão
entre figura e fundo (ilusões sincréticas).
Anúncio exibido pela marca Subliminal Sex

A IGREJA PRECISA DE TEOLOGIA?

É comum ouvirmos que “a teologia mata a religião” ou que “a Igreja não precisa de teologia e, sim, de vida”. Serão verdadeiras essas afirmações? Admitimos que há muita coisa por aí levando o nome de “teologia” que não passa de especulação humana, por não se basear em pressupostos de uma hermenêutica bíblica. E até a “boa teologia”, quando se torna um fim em si mesma, pode não ter qualquer uso prático e reduzir-se a mero academicismo. Não é disto que falamos aqui. Perguntamos se a verdadeira Teologia é necessária à Igreja.
E o que é verdadeira Teologia? Como o próprio nome indica, Teologia é o estudo de Deus, ou, definindo mais formalmente, “é a ciência que trata de Deus em Si mesmo e em relação com a Sua obra” (B.B. Warfield). Perguntamos, por conseguinte, se a Igreja pode prescindir do conhecimento de Deus e da Sua obra e ainda ser Igreja de Deus. É quase certo que aqueles que negam a necessidade da Teologia na vida da Igreja não diriam, conscientemente, que alguém pode ser cristão sem conhecer a Deus. O que lhes falta é um bom conhecimento do que é Teologia e de suas implicações.
Como podemos conhecer a Deus sem estudar a revelação que Ele faz de Si mesmo? Como saber quem Ele é e o que Ele tem feito e faz, quem somos nós em relação a Ele, o que Ele requer de nós,etc., se não investigarmos o que Ele deixou revelado para nosso conhecimento? Pois esse é o trabalho da Teologia. Esse trabalho parte de três pressupostos: O primeiro é o de que Deus existe; o segundo, de que Ele pode ser conhecido, embora não de modo exaustivo e completo; e o terceiro, de que Ele tem Se revelado tanto por meio de Suas obras (criação e providência - Revelação Geral - Sl19:1,2; At 14:17), como, principalmente, nas Santas Escrituras (Revelação Especial - Hb1:1,2; 1 Pd 1:20,21). É porque Deus Se revelou que podemos conhece-Lo. Nosso conhecimento de Deus não é intuitivo, nem natural, mas comunicado por Ele mesmo através dos meios que soberanamente escolheu. “Fazer teologia”, portanto, não é inventar teorias a respeito de Deus e de Suas obras, nem mesmo “descobrir” a Deus, mas conhecer e compreender a revelação que Ele próprio deu de Si. Por isso, qualquer estudo de Deus que não tiver a Sua revelação como base, meio e princípio regulador não é “teologia”, devidamente entendida.
A palavra “teologia” não ocorre na Bíblia e o termo que lhe é equivalente, no N.T., é “doutrina” ( “didache” ou “didaskalia”, no grego), que vem de uma raiz que significa “ensinar” e pode se referir tanto ao ato de ensinar, propriamente, como ao conteúdo do que é ensinado (Rm 6:17;1Tm 6:3-4; 2Tim 4:3-4; Tito 1:2,9, etc.). Podemos dizer, de modo mais completo agora, que Teologia é o conjunto de verdades extraídas dos ensinos bíblicos a respeito de Deus e de Sua obra, e que são apresentadas de modo sistemático, na forma de um corpo de doutrinas.